Guarulhos: O Marco da Consciência Negra e o Meio

O Marco da Consciência Negra de Guarulhos, localizado entre a rua Lucíla e a rua Profa. Anita Guastini Eiras, na Vila Progresso, é uma proposta da anterior coordenadoria de Igualdade Racial de Guarulhos em parceria com o Departamento de Obras de Administração direta e manutenção da Secretaria de Serviços Públicos. Concretizado com a intenção de homenagear a data do dia 20 de novembro, que de acordo com a inscrição do próprio, conta a data do “dia 20 de novembro de 2015, 1º ano da Década Internacional dos Afrodescendentes, proclamada pela ONU”. (onde será celebrada de 1º de janeiro de 2015 à 31 de dezembro de 2024).

Inaugurado em doze de novembro de 2015, pelo prefeito Sebastião Almeida e pela Coordenadora da Igualdade Racial, Edna Roland, ressalta a visibilidade afro em suas formas expressivas, que dialogam não só em uma única cultura, mas, neste caso, com o seu meio.

Marco da consciência negra de Guarulhos
O Marco da consciência negra de Guarulhos, localizado entre a rua Lucíla e a rua Profa. Anita Guastini Eiras, na Vila Progresso.

A estrutura do marco tem formato de tubo (cilíndrico), produzido em ferro, que também é de grande importância para metalurgia, na coloração preta e possui 3,70m de altura e 40cm de diâmetro, com treze ideogramas fixados em torno, são um conjunto de grafismos simbólicos que representam provérbios e são denominados como Adinkra, originados dos Akan (povos da antiga Costa do Ouro e atual Gana onde ramificaram-se pela Costa do Marfim e outros países da África Ocidental), que são famosos em suas tecelagens, os ideogramas, geralmente, são confeccionados em carimbos para estamparias de peças, assim acarretando um diálogo visual, de suas tradições, crenças e práticas. Cada símbolo, em um número maior que oitenta, carrega um conteúdo não apenas estético, mas incorpora, preserva e transmite “aspectos da história, filosofia, valores e normas socioculturais desses povos de Gana” (Nascimento, 2009).

Os ideogramas são caracterizados por Nsoromma: Criança do céu (estrelas)/ símbolo da guarda/ um lembrete de lealdade e da honra de servir ao ser Supremo e que tal zela por todos os povos. Sankofa: (Sanko=volta; fa= buscar, trazer) aprender com o passado, para compreensão do presente e planejar o futuro. Duas cabeças pensam melhor que uma, Mate Masie: O que eu ouço, eu continuo/ conhecimento, sabedoria, prudência/ de se levar em consideração o que a outra pessoa disse, Adinkrahene: Liderança, carisma e grandiosidade, Asase ye Duru: A terra tem peso/ Providência e divindade da Mãe Terra/ Importância da Terra para sustentar a vida, Bese Saka: Saco de nozes de cola/ símbolo da riqueza, poder, abundância, muita união e unidade, Dwennimmen : “chifres de carneiro”símbolo de humildade junto com a força, Mmere Dane: Mudança de tempo/ dinâmica da vida/ mudança de vida, Funtunfunefu-denkyemfunefu: Crocodilos siameses (crocodilos siameses compartilham do mesmo estômago porém brigam pela comida), simbolizado unidade/ união independente das diferenças culturais e democracia, Mpatapo: Nó da pacificação/ reconciliação, símbolo da paz, reconciliação e pacificação após a contenda. Duafe: Pente de madeira/ qualidades femininas/ símbolo da beleza e limpeza. Osram ne nrosoma: “A lua e a estrela”, símbolo do amor, felicidade e harmonia/ Harmonia existente na ligação entre um homem e uma mulher.

Na estrutura do marco contém algumas intervenções quase impossíveis de não notá-las, como os fitilhos amarrados nos símbolos, nas cores – vermelha, verde e amarela – associadas com a coloração da bandeira de Gana. Na parte do tubo são encontrados pixos confeccionados a base de pigmentos e incisões feitas nas superfícies dos símbolos.

O marco não é só um patrimônio, mas um meio de comunicação entre seu valor simbólico, cultural, voz de resistência e o meio no qual está inserido, este diálogo entre a população deve ser mais divulgado, embora sua localização esteja centralizada, quase passa despercebido em meio de ruas e residências, não é de fácil visibilidade para os pedestres que frequentam a região central, por isso a ideia de exaltar nosso patrimônio deve ser levada à diante sempre.

Bibliografia:

http://ipeafro.org.br/acervo-digital/imagens/adinkra/http://www.orijinculture.com/community/the-history-behind-adinkra-symbols/?lang=pt

http://www.orijinculture.com/community/the-history-behind-adinkra-symbols/?lang=pt

http://correionago.com.br/portal/adinkra-um-sistema-de-escrita-filosofico-historico-e-cultural-africano/

http://www.afreaka.com.br/notas/adinkra-um-dicionario-de-valores-na-arte-dos-carimbos/

http://www.guarulhosweb.com.br/noticia.php?nr=134552&t=Marco+da+Consciencia+Negra+e+inaugurado+no+Centro+de+Guarulhos

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