Os Lugares da Memória

Quando se imaginou o projeto “Lugares e Memórias de Guarulhos”, partimos do conceito de Pierre Nora, em seu texto famoso, um lugar na história. Nora postularia que os lugares de memória são aqueles espaços que condensam as experiências da vida ainda não amarradas pelas narrativas oficiais.

Ao trabalhar com logradouros poderíamos optar pela leitura oficial, encontrando a biografia dos homenageados, destacando a sua importância. Porém neste trabalho, pretendemos ir à contradição. Entendemos que antes da denominação oficial do lugar, havia a história de vida de pessoas que traziam pulsação e referência ao lugar. Era córrego, mato, valo, dobra, cercado, antes de virar rua, avenida e alameda.

Na história oficial encontramos sínteses de homenageados que pouco, ou nada, possuem de relacionamento com a memória local. Por exemplo, a história do Dr. Lauro Souza Lima, importante dirigente a frente do Sanatório Padre Bento, mas que foi esquecido pelo nome do Dr. Emílio Ribas, que ganhou nome de avenida.

Vasculhamos também como a cidade acabou homenageando vários militares em pouco tempo na época da ditadura. As idas e vindas em relação a Getúlio Vargas. Os nomes de ruas do Cecap dado a pessoas comuns que tiveram papel de destaque na vida comunitária do bairro.

É um desafio pesquisar como os nomes de ruas do passado se tornam logradouros oficiais, com denominações que fogem ao que costumeiramente era tratado pela população. Essa memória se transfigura pela ação do tempo e da sociedade. A memória espontânea se torna história oficial. O objetivo deste projeto coordenado pela AAPAH – Associação Amigos do Patrimônio e Arquivo Histórico é investigar a nuance dessas transformações, reelaborando os fragmentos do passado.

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