Roteiro apresenta poder, emancipação e política

Passeio passou por obras de artes de Guarulhos

No último dia 16 de julho de 2023, um domingo com muito frio, a AAPAH – Associação Amigos do Patrimônio e Arquivo Histórico realizou mais um passeio histórico-cultural pela cidade de Guarulhos. O roteiro intitulado “Poder, emancipação e política” percorreu monumentos tradicionais pela cidade, perpassando os bairros Macedo, Bom Clima, Centro e Vila Galvão. Finalizamos o trajeto conhecendo a galeria de arte a céu aberto do Parque Santo Antônio, o Beco do Robin. O roteiro foi realizado como parte do projeto Inventário das obras de Artes Públicas da Cidade de Guarulhos, financiado pelo PROAC, da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativa do estado de São Paulo.

Circuito Emancipação

No circuito denominado de “Emancipação” conhecemos três obras que possuem a palavra “Monumento” em comum. Monumento é um conceito antigo e que pode representar marcos importantes de eventos históricos, personagens ilustres, arquitetura icônica de uma determinada época ou até mesmo locais sagrados. Em Guarulhos, esses marcos estão ligados a movimentos políticos e a uma obra arquitetônica.

O “Monumento a Cidade de Guarulhos”, da artista plástica Anita Kaufman escondida entre os arbustos na entrada da Av. Paulo Fachini, apresenta uma ilustração do mapa de Guarulhos, tendo o Aeroporto ao seu centro, levando o nosso olhar para os elementos vazados da peça de bronze. Outra característica são os elementos em verde e vermelho, semelhante ao que vimos nas imagens de satélite, contrastando a parte urbana e de vegetação. Muitos dos presentes desconheciam a obra que foi inaugurada juntamente com o viaduto estaiado, mais famoso e de mesmo nome.

Monumento a Cidade de Guarulhos
“Monumento a Cidade de Guarulhos”, da artista plástica Anita Kaufman. Ano: 2023. Acervo: AAPAH/Bruno Leite de Carvalho

Ainda no bairro do Bom Clima teve uma surpresa. O “Monumento Centenário da Emancipação Política” que durante a semana está aberto para visitação, naquele domingo de manhã não estava causando um pouco de frustração a todos os presentes. A obra assinada pela equipe Melt, resultado de um concurso em 1980 para celebrar o centenário da emancipação da cidade, foi olhada de longe por todos. Mas podemos ver o seu simbolismo marcante que vai das linhas retas a uma imponente meia lua, encrustada em uma base de granito.

Monumento Centenário da Emancipação Política, auto Equipe Melt. Ano 2023. Acervo: AAPAH/Bruno Leite de Carvalho.

Fechando o ciclo emancipação, chegamos ao “Monumento ao IV Centenário”. A imponente obra de metal cria um interessante contraste com a paisagem bucólica da praça Getúlio Vargas. Inaugurado em 8 de dezembro de 1960, como parte das comemorações ao 4° Centenário de fundação da cidade, o icônico monumento em formato de Tetraedros foi um presente da comunidade japonesa para a cidade.

Os presentes tiveram a oportunidade de ver o conjunto urbanístico e simbólico que integra a praça, a começar pelo prédio da Antiga Câmara, perpassando a fonte, ao coreto, aos bancos de granilites doados pelo comércio da cidade e, finalmente, o busto da Mãe Negra.

Monumento ao IV Centenário. Ano: 2023. Acervo: AAPAH/Bruno Leite de Carvalho.

Itinerário de esculturas e bustos

Seguimos para o antigo caminho do Trenzinho da Cantareira, em que realizamos um itinerário de esculturas e bustos representativos neste trajeto. Iniciamos pelo Anjo Gabriel representado por um monumento escultórico na praça IV Centenário. Feito de concreto e com uma técnica de coloração em bronze, a obra é criação do artista plástico Cesar Enoque. Uma das observações realizadas foi o uso da máscara para cobrir o rosto do anjo, segundo o artista por não saber ao certo a face, criando-se assim um mistério.

Anjo Gabriel
Ano Gabriel, obra de Cesar Enoque

Partimos por um itinerário de bustos do escultor paulista Luis Morrone (1906-1998).  Autor do “Monumento à Fundação de São Paulo” com homenagens às figuras históricas da fundação da cidade que se localiza na Praça Clóvis Bevilacqua, região central de São Paulo. O artista acumulou diversos prêmios e participações em salões de arte em São Paulo e no Brasil, além de inúmeros bustos espalhados pelo estado.

Apenas em Guarulhos, são cinco conhecidos: o ditador Castelo Branco, o aviador Santos Dumont, o Marechal Machado Bittencourt, o patriarca da independência Bonifácio de Andrada e Silva e o Duque de Caxias. Com exceção do localizado na Escola Estadual Carlos Machado Bittencourt, que traz a herma na entrada escola, as demais obras encontram-se em estado lamentável, sendo que algumas nem se encontram mais expostas. O busto de Santos Dumont na praça que o homenageia na Vila Galvão difere-se dos demais bustos, pois não carrega o chapéu, marca do pai da aviação no Brasil. Ainda na mesma praça deu tempo de ver o AT-26 Xavante, um monumento-avião exposto na praça desde 2016.

busto de santos dumont
Santos Dumont, obra de Luis Morrone. Ano: 2023. Acervo: AAPAH/Bruno Leite de Carvalho.
Beco do Robin

Finalizamos o roteiro com uma surpresa para todos os participantes: uma visita ao Beco do Robin. Localizado na Vila Galvão, com entrada nas ruas Diva n° 238 e 2° Sgt Rubens Leite, o local é uma das mais novas atrações turísticas da cidade, que nos últimos anos vem ganhando bastante visibilidade. O Beco do Robin é um novo espaço cultural da cidade, idealizado por Robson Ferreira que contou um pouco da trajetória e das razões pela qual desenvolveu a ação na região juntamente com outros artistas.

Logo após a apresentação da história do beco, pudemos conhecer um pouco das obras grafitadas e o lugar conhecido como “Bat-Caverna” onde estão expostas uma incrível coleção de bonecos temáticos. Robson nos cedeu uma parte do muro para que tivéssemos a oportunidade de deixar nossas impressões. Depois da imersão, o grupo pode dar um breve depoimento da experiência que o roteiro proporcionou.

A partir do Beco do Robin, podemos conhecer as apropriações do espaço e seus significados na cidade, com a temática da arte urbana em Guarulhos. O Beco do Robin fechou o nosso roteiro trazendo reflexões a respeito da ocupação e significados do espaço urbano da cidade, e do desenvolvimento de uma arte que vai muito além de monumentos já consolidados na cidade.

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