Resguardo do patrimônio cultural na construção do metrô

Guarulhos terá linha de metrô apenas em 2029

Na audiência pública realizada no dia 15 de julho de 2022, o Metrô (Companhia do Metropolitano de São Paulo) apresentou o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente na construção da Linha 19 – Celeste.

O eixo metroviário deverá ter 17,6 km de extensão e 15 terminais urbanos no trecho inicial, entre o Bosque Maia, em Guarulhos, e o Anhangabaú, na Capital. Com previsão de conclusão para 2029, assim, estão previstas cinco estações em Guarulhos: Bosque Maia, Guarulhos, Vila Augusta, Dutra (conexão com a futura extensão da Linha 2-Verde) e Itapegica.

Na audiência, Epaminondas Duarte Jr, chefe de planejamento e engenharia do Metrô, reforçou que o tempo médio de viagem entre a futura estação Bosque Maia e Anhangabaú será de 29 minutos, estimando uma economia de tempo de 1 hora no trajeto, trazendo mobilidade para a população guarulhense. Seriam em torno de 684 mil passageiros transportados por dia, reforçando que poucas cidades do estado de São Paulo têm esta população. 

Na apresentação de José Luis Ridenti Jr., geólogo e representante da empresa Prime Engenharia, responsável pelos estudos de impacto ambiental da obra, houve poucos detalhamentos e aprofundamento das quase 1300 páginas do referido estudo. Destaque para a desapropriação prevista que totaliza apenas em Guarulhos, 177 lotes afetados, na sua maioria comércios e serviços, seguida por moradias (47). Sobre esse ponto sensível, José Luis reafirmou a questão dinâmica que envolve o assunto, mas ressaltou o plano de um programa de reassentamento previsto próximo a futura estação Jardim Julieta em São Paulo. Em relação ao patrimônio histórico, cultural e ambiental, o geólogo apontou a pouca incidência de vegetação nativa na área de impacto da obra. Indicou a remoção de fragmentos florestais, como remoção de árvores isoladas, nativas ou de formações herbáceas da ordem de menos de 3% do previsto para o empreendimento, toda na chamada áreas de influência indireta. O Bosque Maia será mantido integralmente.

Um primeiro impacto observável pela AAPAH (Associação Amigos do Patrimônio e Arquivo Histórico) é a preocupação em relação aos bens tombados em Guarulhos.  O representante da entidade na Audiência Pública, Cristiano da Silva, disse: “existem alguns bens que poderão ser impactados e que, por isso, pedimos que parte da compensação ambiental (aproximadamente R$ 12.530.000,00) seja destinada a um desses bens, senão aos oito bens. Temos exemplos: a Casa da Candinha, uma das últimas referências de arquitetura colonial, sofreu com o impacto do Rodoanel e nenhuma medida mitigadora foi realizada ali”. A AAPAH entende que três pontos devem ser observados

1 – Seguindo a própria indicação do estudo de definir a área de influência direta (AID) como o uma zona de até 600 mts do pátio de construção. Os seguintes bens tombados pela municipalidade devem ser olhados com atenção para possíveis impactos e PRIORIDADE na ação mitigadora. 

1.            Prédio do antigo Paço Municipal, na Rua Sete de Setembro, esquina com a Rua Felício Marcondes;

2.            Antiga Estação de Trem, localizada à Praça IV Centenário; (Casa Amarela)

3.            Bosque Maia;

4.            EE Capistrano de Abreu;

5.            EE Conselheiro Crispiniano

6.            Cemitério São João Batista

7.            Praça Getúlio Vargas e o prédio da Antiga Câmara;

8.            Casa José Maurício

2 – Ainda considerando a questão da memória ferroviária do estado de São Paulo que é objeto de importante ação de preservação em nível federal, inclusive, devemos considerar o sítio localizado na área da escavação das estações Vila Augusta e Guarulhos, passível de encontrar algum remanescente da antiga Tramway Cantareira (trenzinho da Cantareira).

3 – Devemos estar atentos também aos bens que se encontram em situação de avaliação para tombamento e que já possuem status de proteção, além da questão das obras no entorno das ruinas da antiga Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Preto. 

4 – A previsão de R$ 12.530.000,00 (doze milhões e quinhentos e trinta mil reais) a título de compensação ambiental deve ser substancialmente revertida para a cidade de Guarulhos, observando ações de restauração de bens que se encontram em processo de ruína (a Casa da Candinha) e os demais que estão na área de influência da futura estação.

Por fim, no dia 09 de julho de 2022, a AAPAH realizou uma pedalada-vistoria dos possíveis locais de impacto das futuras estações da linha Celeste do Metrô. As fotos compõem o ensaio a seguir e são os arredores do bairro do Itapegica, Vila Augusta, Centro e Bosque Maia. Fiquemos atentos.

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