Os acontecimentos no Antigo Paço Municipal
Em 2005, a equipe de funcionários que compunham o Núcleo do Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura de Guarulhos, vinculados, ao que parece, ao “Arquivo Histórico de Guarulhos” fez uma notação no verso de uma fotografia que registrou, segundo esse núcleo, o “Dia da Instalação da Comarca – Recepção à chegada de autoridades” em 24 de março de 1956 com Antigo Paço Municipal, ao fundo.
Esse 24 de março marcava também a data da emancipação de Guarulhos (1880) da Cidade de São Paulo, dando a ela autonomia político institucional, para tratar, a partir daí, de seus interesses.
Curioso pensar nesse conceito “autonomia política” no nosso contexto em que os poderes que compõe o Estado Brasileiro (Executivo, Legislativo e Judiciário) apresentam-se como harmônicos e autônomos. Se acompanharmos as leituras das primeiras Atas dos trabalhos legislativos da cidade, somos surpreendidos com a presidência a cargo do chefe do executivo.
Essa relativa autonomia e harmonia dos poderes, na cidade de Guarulhos, tomaram contornos mais modernos com seus espaços definidos, segundo a publicação Guarulhos: história, cultura e meio Ambiente, a partir de 1951, quando a Câmara dos Vereadores se instalou na Rua Dom Pedro II e o Paço Municipal, em 1958, foi transferido para o prédio da praça Getúlio Vargas.
É ainda desse período (1956), conforme o registro feito pela equipe do Arquivo Histórico da Cidade, a instalação do terceiro Poder, o Judiciário. Esse evento, que teve por testemunha, além de inúmeras pessoas, o prédio que abrigou por anos os poderes – executivo e legislativo, nos dão conta de sua proximidade e de seus limites quanto ao significado do conceito de autonomia como o conhecemos.
Basta lembrarmos, para encerrar essa pequena contribuição, que esse período, pós-segunda guerra, num clima de reconquista dos direitos democráticos e de lutas por direitos sociais promoveu, anos mais tarde no Brasil uma resposta, também baseada nos sinônimos que reconhecemos imediatamente junto a substantiva palavra autonomia: “liberdade” e “democracia”. Foi também em nome desses conceitos que se instalou o regime ditatorial em 1964.