Casa Saraceni, quem ainda se lembra?

Parece que foi ontem, (ou que ainda nem foi), mas já se passaram quatro anos da demolição da Casa Saraceni. Provavelmente muitos se recordem que a casa ficava isolada no estacionamento do shopping da cidade, propositalmente a cercaram sem uso, quem passava em frente ficava a admirar que a casa estivesse em pé e em boas condições. Há quem ainda pergunte por que a derrubaram, afinal não era tombada? 

Talvez para uma parcela da sociedade a palavra tombamento atribui o status de preservação, de que o bem estará seguro, que será cuidado e não mais alvo da especulação imobiliária e realmente deveria ser assim, mas não é.  Este momento é propício para relembrar o destino fatídico do antigo casarão e reacender a discussão sobre a preservação de patrimônios históricos na cidade de Guarulhos.

No final do século XIX o imigrante italiano José Saraceni se instala em São Paulo, consta que sua primeira fabriqueta se localizava a avenida Tiradentes, em São Paulo, ao lado do batalhão Tobias de Aguiar. Por volta de 1919 Saraceni adquiriu da Família Ferreira Endres, uma chácara à beira do caminho entre a Penha e transferiu sua fábrica, que se constituiu como uma das primeiras fábricas do Município. Inicialmente funcionando no porão, passaria a um prédio próprio dentro da própria chácara.

Casa Saraceni, pintura de Durvalina Miguel. Década de 1990.

A Chácara Saraceni foi vendida em 1973 à Olivetti e parte das casas dos operários foram demolidas, desse período, restou apenas a residência da família Saraceni. No ano 2000 a casa foi tombada pelo poder público municipal (Decreto 21.143/00), os novos proprietários (o Grupo Internacional) não gostaram da ideia e muitas foram as tentativas de demolir e até mesmo “destombar”.

Quem instituiu o destombamento no país, pelo decreto-lei 3.866, de 1941, foi o presidente Getúlio Vargas (1883-1954). Foi construída avenida Presidente Vargas para se fazer os desfiles cívico-militares. O ditador destombou um jardim de 1873 – o Campo de Santana – e duas igrejas do século 18.

Em nossa cidade no ano de 2010 a câmara municipal também aprovou um cancelamento de tombo, através da emenda da lei orgânica municipal elaborada pelo vereador Geraldo Celestino (PSDB). Na calada da noite, em 5 de novembro de 2010, executou-se a destruição do casarão. O ministério público foi acionado e até hoje ninguém foi responsabilizado.

O que ficou de tudo isso foi o sentimento de abandono por parte do poder público, a falta de responsabilidade de nossos governantes  que não cuidam do  patrimônio, Afinal  quatro anos se passaram e pouco se fez em prol de nossa cultura, é só caminhar pelo centro da cidade e ver que muitos bens estão em total abandono,  a insensibilidade diante da degradação da Igreja Nossa Senhora do Rosário, A casa do ex prefeito José Maurício, a pérgula do Hospital  Padre Bento, quem se lembra da casa Saraceni?

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