Rua dos Poetas Guarulhenses

Ao pedir para os alunos do ensino médio pesquisar sobre a nossa cidade, me deparo com um logradouro de Guarulhos, a rua dos Poetas Guarulhenses, enfim, um endereço desconhecido por mim que sou poeta e guarulhense, mas não sabia desta homenagem.

Durante a minha trajetória, participei de alguns movimentos de escritores e poetas que começaram no sarau da Casa dos Cordéis gerenciada pelo poeta, músico e contista Bosco Maciel, neste sarau conheci poetas marginais como Castelo Hansen (in memorian), Eugênio Asano (in memorian), Rogério Brito entre outros, e nunca soube desta informação e a cada dia que passava aumentava a minha curiosidade.

Em uma das reuniões da AAPAH comentei sobre a rua e fui aconselhado a escrever um artigo sobre ela.

E aí que começa a construção deste artigo e a minha pesquisa, comecei pelo site da câmara municipal, achei um decreto do ano de 1982 onde o poder executivo nomeou a rua, já tinha pista e um direcionamento. Assim, entrei em contato com alguns membros da Academia Guarulhense de Letras (AGL), que desconheciam o fato de alguma homenagem. Lembrei do professor e poeta César Magalhães Borges, trocamos algumas conversas pelo Instagram, nesse mesmo tempo fui até o Arquivo Histórico Municipal de Guarulhos que fica localizado no Adamastor, pesquisei nos jornais antigos. No exemplar da Folha Metropolitana do dia 14 de maio de 1982, visualizei o decreto, mas saí com mais dúvidas.

Decreto sobre a rua dos poetas

Recebi o convite do professor e poeta César Magalhães Borges para assistir a palestra e ver a exposição da poetiza e artista plástica Guilhermina Helfstein, na Biblioteca Monteiro Lobato, localizada no Centro de Guarulhos. No dia marcado fui ao local e no caminho fui recordando de como Guarulhos é uma cidade que respira poesia dos poetas marginais, das poesias nos muros, na poesia melancólica escondida no acinzentado urbano. Ao chegar na biblioteca o poeta César Magalhães Borges falou sobre o movimento Letra Viva:

“O Letra Viva se reunia em frente ao Conselheiro (escola) e na biblioteca, era um grupo de poetas marginais que revelou vários poetas e lançou algumas antologias”

No fim da palestra conversei com o César Magalhães Borges e o Angelo Macedo e perguntei sobre a rua dos Poetas Guarulhenses, em uma rápida e acolhedora conversa. ambos me confirmaram que o prefeito Néfi Tales era um admirador e apoiador da cultura e, que frequentava os recitais do Letra Viva. O prefeito quando não podia ir, pedia para um assessor acompanhar os recitais.

“Lembro de algum evento em uma rua próximo à Vila Rio o Castelo (Hansen) também foi, faz muito tempo.”

César Magalhães Borges

Néfi Tales foi um dos fundadores da academia guarulhense de letras em 8 de dezembro de 1978.

A nomeação da rua do Jardim Las Vegas, em Guarulhos, é uma justa homenagem a àqueles que:

Reúnem-se nos seus templos

Ou em suas catacumbas

E rezam estranhas rezas

Também chamada poesia

E sua filosofia

Consiste em dar o que têm.

(trecho da poesia Estranhos Seres, Castelo Hansen. livro a flor que Drummond Viu Nascer no Asfalto)

DECRETO Nº 8766 de 12 de maio de 1982. “Denominação de Via Pública: RUA DOS POETAS GUARULHENSES”. O PROFESSOR NÉFI TALES, PREFEITO MUNICIPAL DE GUARULHOS, no uso das atribuições que lhe confere o Artigo 39, Título III, Capítulo II, do Decreto-Lei Complementar nº 09, de 31.12.69, e considerando o que consta do Processo nº 12041/81, DECRETA: Artigo 1º – A atual Rua Quatro, sem nomenclatura oficial, localizada na Chácara São Judas Tadeu, na Vila Rio de Janeiro, fica denominada oficialmente de RUA DOS POETAS GUARULHENSES. Artigo 2º – As despesas decorrentes com a execução do presente correrão por conta de verbas próprias consignadas em orçamento, suplementadas se necessário. Artigo 3º – Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Guarulhos, 12 de maio de 1.982. NÉFI TALES Prefeito Municipal

NEREU KRATZ Secretário do Planejamento

Registrado na Seção de Expediente do Gabinete do Prefeito da Prefeitura Municipal de Guarulhos e afixado no lugar público de costume em doze de maio de mil novecentos e oitenta e dois. Adelaide Augusta Ferreira Ramos Chefe da Seção de Expediente Publicado no Jornal Folha Metropolitana em 14 de maio de 1982

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