Bairro Torres Tibagy e sua ligação com a ferrovia
Torres Tibagy (também descrito como Torres Tibagi) é um dos 46 bairros oficiais da nossa cidade (47 se considerar o aeroporto como também uma unidade) possui 22 “vizinhanças” (subdivisões) com mais de 7 mil domicílios e uma população de 20 mil habitantes (aproximadamente). Majoritariamente residencial, é considerado um dos dez melhores lugares da cidade para se morar, segundo vários sites de locação de imóveis.
Antes de receber este nome, era conhecido como Artidoro, devido a uma chácara homônima que era referência na região. A nova denominação acontece tempos após a inauguração da estação da Tramway da Cantareira, em 24 de maio de 1931, denominada “Parada Torres Tibagy” em homenagem ao falecido engenheiro chefe do ramal Guarulhos dessa ferrovia, José Carlos de Almeida Torres Tibagy. Ele desenhou o projeto dessa pequena estação, que seria nomeada, inicialmente, de “Parada Indígena”, conforme uma provável planta do projeto, de janeiro de 1926.
Em uma matéria do jornal “O Estado de S. Paulo” de 26 de maio de 1931, sobre a sua inauguração, consta que a solenidade foi abrilhantada pela Banda Lira de Guarulhos e outra de Santana, com discursos de autoridades, representantes da via férrea e do sobrinho do homenageado, com uma “lauta mesa de doces e refrescos”, com os presentes chegando em um trem especial que saiu da Estação Tamanduateí às 14h25 (chegou às 15h05 no local) e retornou às 17h10 para São Paulo.
Relatos de antigos moradores do lugar, destacam que o principal movimento dessa estação era de frequentadores do antigo “Clube da Bolsa de Valores” (atual E. C. Vila Galvão) que, após desembarcarem nela percorriam cerca de 500 metros por um caminho entre uma mata até chegar no clube, que possuía piscina e campo de futebol.
Buscando essa localização no Geoportal – Memória Paulista, que tem imagens aéreas da área, em 1958 (a estação, junto com todo o ramal, foi desativada em 1965), percebe-se que estava localizada onde existe um ponto de ônibus (Parada Júlio Prestes da EMTU) e a entrada do caminho, com a mata, era exatamente onde tem, hoje, um complexo de campos e quadras que pertencia à FIG.
Nas décadas de 1940, 50 e 60, o bairro cresceu muito devido à sua existência, além da localização do Lar da Irmã Celeste, bem próximo dela.
É muito bom ver o bairro que cresci aparecendo aqui!!
Sou a pessoa que “desenterrou/descobriu” essas duas fotos em 12 de julho de 2023, elas são do acervo (e propriedade) do Lar da Irmã Celeste, que me enviou em “primeira mão” suas fotos digitalizadas. Na mesma semana enviei essa foto pra página do Arquivo Histórico (que hoje chama-se Gru Histórica, não mais vinculada ao arquivo), e também pro Ralph do site estações ferroviárias, daí pra frente a imagem se espalhou pra todos os cantos da internet, inclusive, desvinculada de algumas informações, mas disso eu falo depois. Eu lembro de ter enviado e-mail para o AAPAH também, detalhando em um PDF do Google Docs todos os detalhes e o processo da minha pesquisa, porém ou o e-mail caiu como SPAM, ou apenas me ignoraram…
Como eu tive contato “”direto”” (na verdade, foi por e-mail) com quem viveu e conheceu o local, há algumas correções que eu tenho que fazer em relação a esta publicação:
1. As fotos NÃO SÃO da inauguração. Há uma possibilidade, mas é improvável. Eu não sei de onde veio essa informação, eu sei que o Ralph postou dessa forma no site dele, provavelmente ele não prestou muita atenção no textão que eu escrevi quando enviei as fotos (provavelmente a culpa é minha, eu não sei escrever direito mesmo).
Quando o LIC me enviou, eu ainda tinha perguntado o contexto, eles disseram-me: “Não estão datadas quanto outras fotos do LIC. No entanto, pelo formato do arquivo, imaginamos ser entre 1945 e 1950.”. pra complementar o contexto, o senhor Mario, uma pessoa que estava me ajudando na pesquisa, tinha escrevido para mim “A foto que aparece a locamotiva pode ter sido tirada pelo ajudante do chefe da estação, pois ele morava nessa direção. A pequena construção à direita que aparece na segunda foto era a bilheteria. Realmente essas fotos devem ser dos anos 40 a 50, pois no início da década de 50 começaram a mudar os trens de porte e bitola maior, inicialmente apesar de serem ainda de vapores porém o combustível era diesel (antes era lenha) e posteriormente os motores eram a diesel, perdendo todo aquele charme. Na época que traziam passageiros a Chácara Artidoro aos domingos e feriados já eram com novos trens, mais modernos […]”
2. Até omde sei, a São Paulo Railway nunca esteve envolvida com esse projeto. O ramal que passava em Guarulhos era parte do Tramway da Cantareira, que depois foi adquirido pela E.F. Sorocabana (que trouxe sua modernização) até a sua demolição em 1965. A São Paulo Railway esteve envolvida com muitas coisas ferroviárias do estado, mas até onde sei, o Tramway nunca foi uma delas.
Obrigado por publicar, Evanir, é sempre bom ver meu querido bairro cujo cresci aparecendo em alguma matéria. Qualquer coisa ou dúvida envia-me mensagem pois tenho várias informações sobre este lugar, abraços!
Daniel, obrigado pela interação. Fizemos a correção.