A História Local versus Globalização
A discussão sobre identidade é importante nesse tempo, pois muitos são os fatores que a moldam. Há algum tempo políticas de autoafirmação vem crescendo e, após décadas de lutas, leis importantes foram promulgadas para atender a demanda sobre o aprendizado da história, memória e identidade dos afrodescendentes e indígenas no Brasil. O dinamismo da identidade requer estudos em diversas áreas do conhecimento.
A pesquisa sobre o espaço onde a pessoa construiu ou construíram sua identidade, fornece instrumentos para uma atuação eficaz na sociedade. Estudos históricos abordando aspectos e espaços gerais ocorrem em abundância, mas as particularidades da história em determinado espaço carecem de análise, principalmente na escola.
Além da questão pedagógica, existem questões relacionadas à cidadania, convivência, identidade, alteridade, memória, patrimônio entre outras, que no tempo presente nos afetam, mas que em muito foram construídas no passado.
Com o foco na histórica local, publiquei o livro: Casa da Candinha – Ruptura e Metamorfose de Casa Grande a Centro de História e Memória das Culturas Negras, em 2010 que aborda a história sobre a completa mudança de forma, natureza e estrutura por que está passando a antiga casa sede da Fazenda Bananal. Inicialmente símbolo de um poder voraz escravocrata, hoje se encontra num período embrionário que produzirá um Centro de História e Memória das Culturas Negras, que assim como uma larva se transforma numa borboleta, esperamos alce graciosos vôos ao encontro da igualdade humana.
Em 2013 lanço em livro a conclusão da minha pós-graduação, lato sensu: Irmandades da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos em Guarulhos – Identidade, Cultura e Religiosidade, que revela contradições legitimadas por modelos sociais e políticos, dissecando documentos, buscando sinais nas entrelinhas. Como foram os sinais encontrados no subsolo do local onde hoje, supostamente, jaz a antiga igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Diferente, porém na conclusão, revela e põe às claras, ao contrário dos resultados divulgados pela análise viciada por interesses colidentes.
Com essas pesquisas focadas na história próxima, local, regional, micro, abre a discussão para concorrer com teorias e métodos que tendem ao etnocentrismo persistente. A valorização desse tipo de abordagem histórica frustrará o ‘roubo da história’, nesta era da comunicação e globalização.